Hoje, pela primeira vez, visitei o Forte de Peniche. Não sei se pelo facto de ter levado o meu filho ou se pelo facto de terem decorrido umas cerimónias com alguns dos intervenientes da libertação dos presos políticos em 1974, senti um peso considerável ao passar pelas salas das visitas e por ter imaginado a quantidade de histórias perdidas por entre aquelas paredes.
Felizmente faço parte de uma geração que tomou conhecimento desta parte da nossa história comum apenas pelos registos e pela partilha dos que, na pele, sentiram o que foi viver esse tempo. Esse facto, de alguma forma, sempre me “distanciou” um pouco da vertente emocional da coisa, mas hoje,… cheguei a pedir para nos irmos embora!
Julgo que não será fácil para ninguém, ficar indiferente ao ouvir testemunhos emocionados de quem viveu esses tempos, ainda por cima no local onde eles aconteceram, muito menos em ambiente de uma frieza atroz (espaço físico)!!! Para mim não foi!
Hoje em dia, com o passar do(s) tempo(s) às vezes até me parece que, em alguns círculos, deixou de fazer sentido relembrar esta parte da nossa história mas, para mim, o dia de hoje fez com que uma partição do disco duro que é a minha memória fosse reactivada! Esta parte da nossa história nunca poderá ser esquecida! Eu vou fazer a minha parte e vou fazer questão de a passar, o melhor que souber, ao meu descendente!!
Continuo a ter como um dos objectivos da minha vida, deixar um legado aos vindouros e a partilha destas coisas é, sem sombra de dúvidas, uma bela forma de o concretizar…
Independentemente das correntes ideológicas intimamente ligadas a esta questão, há para mim algo de incontornável: o maior inimigo da liberdade é o conforto…