MULHER DE CÉSAR, PRAIA E LIXO!

PRAIA DA TOCHA

Já é muito antiga a “rivalidade” entre as gentes de Cantanhede e da Tocha/Praia da Tocha que teima em continuar.

Por mim, honestamente, para além de servir para umas brincadeiras e respetiva troca de galhardetes entre os naturais das localidades em causa, é claramente uma questão completamente sem sentido.

O concelho de Cantanhede, enquanto território uno é claramente uma área rica em diversos ativos que deveremos todos, em conjunto, saber valorizar.

A Praia da Tocha, com as suas conhecidas “Dunas de Cantanhede” ( 😊 ), é um dos melhores exemplos do que temos para oferecer a quem nos visita e, fundamentalmente, para quem cá reside ou é natural.

Neste caso em concreto, esta “rivalidade” voltou a ser avivada aquando da publicação de post da responsabilidade de uma entidade de seu nome “Surf No Crowd” e que identificou as ondas da Praia da Tocha como ondas de Cantanhede.

Devo dizer que mais uma vez, de uma forma completamente honesta, que as trocas de galhardetes foram mais uma vez realidade e deu para se fazerem umas leituras de sorriso nos lábios. Digo isto sem querer pôr em causa a opinião de cada um, mas o fundamental foi atingido, o buzz criado à volta do post foi muito interessante!

Quem estiver a ler o texto até aqui pode pensar que posso querer desvalorizar algo de muito importante para alguns, mas a partir daqui vai-se perceber o que efetivamente o motivou.

Quando se trocam galhardetes por questões de nomenclatura e não se faz pelo menos o mesmo por problemas efetivos que afetem a população algo está distorcido e enviesado da realidade.

Como podemos nós, naturais de Cantanhede ou naturais da Tocha/Praia da Tocha entrarmos em troca de galhardetes por causa das ondas da Tocha ou de Cantanhede e, por outro lado, perante situações como as que vemos na foto (tirada hoje, com o mesmo lixo ali depositado desde a Páscoa) nada fazermos ou dizermos?!

Algo está errado! Não podemos apregoar as nossas preocupações ambientais e sensibilizar as gerações de futuro para esta temática com estes exemplos a acontecer!!

Neste particular, julgo que posso dizê-lo sem correr o risco de agitar “rivalidades”, devemos ser todos da Praia da Tocha e condenar estes episódios!

Naturalmente que informações em catadupa no que diz respeito a investimentos na Praia da Tocha e outros locais têm acontecido e sobejamente divulgados, por mim bastava que a Praia da Tocha tivesse os passadiços (entretanto anunciados) concretizados e se fizessem acompanhar de uma total ausência deste tipo de situações…

À mulher de César não basta sê-lo, também tem que parecê-lo! Neste caso nem as aparências funcionam…

Se calhar é pedir demais…

A POLÍTICA DO ALCATRÃO

Bem sei que os soundbites do momento rimam com coração, estupefação, usurpação, … enfim, como todos já perceberam falam de corrupção. Hoje venho até vós não para falar de corrupção, mas sim de outra palavra terminada em “ão”, ALCATRÃO.

Sinto necessidade de fazer uma nota prévia para que todos, sem exceção, tenham em consideração que para mim, qualquer obra é sempre boa notícia, independentemente do momento em que a mesma se concretiza.

Posto isto, sinto que estão reunidas as condições mínimas para poder partilhar convosco uma sensação que tenho e que diz respeito à catadupa de divulgações que o município de Cantanhede, através do seu sítio de Internet e através das múltiplas plataformas que partilham o que se vai fazendo por terras do marquês, tem vindo a fazer.

Como disse anteriormente, qualquer obra é, para mim e por definição base, uma boa notícia. No meio de tudo isto há algo que, apesar de compreender, não consigo continuar a relevar pois é um sinónimo da eventual parca capacidade de análise crítica da população e que o atual executivo faz questão de tentar capitalizar para os seus objetivos políticos (eleições em outubro).

Sei bem que não é caso único no nosso panorama nacional, aliás, até posso dizer que o registo “normal” será esse mesmo.

Apesar de ser prática usual não considero que seja a prática ideal!

Se se consegue articular recursos físicos, humanos e até financeiros para esses meses tradicionalmente intensos de obra atrás de obra, porque não se diluem esses ditos recursos e se faz um plano de obras que, de uma forma regular e adequada, satisfaça as necessidades das respetivas populações no tempo certo?

Sei bem que já todos estamos preparados e habituados para estes ciclos, mas não deixa de ser para mim mais uma forma de condicionar e manipular a perceção que as pessoas têm da qualidade do trabalho levado a cabo por quem nos representa.

Obviamente que falar em resultados de gestão positivos com 6 dígitos, tornar públicos “estudos” com preços genericamente mais baixos da água, e ter a “Brigada de aplicação de tapete betuminoso” numa azafama nunca antes vista, pelo menos nos últimos três anos e meio, tem um impacto na população muito positivo para o executivo, mas a minha preocupação centra-se noutras questões.

Não será esta prática recorrente um sinal claro de uma gestão política dos destinos do concelho completamente avulsa?!

Não será esta prática recorrente um sinal claro de um executivo que navega à vista os destinos de todos nós?!

Não será esta prática recorrente um sinal do que os nossos dirigentes pensam de nós munícipes?!

Certamente que, de tudo o que foi dito atrás existe um pouco de cada, mas o que mais me preocupa é que cada vez mais penso que os nossos dirigentes nos identificam como agentes do quotidiano que pouco pensam e que tudo aceitam se lhes for disponibilizado da forma certa…. Popularmente falando, “com papas e bolos se enganam os tolos…”  

Para mim seria muito mais interessante, se não for possível de uma forma regular durante o prazo dos mandatos, pelo menos nestas alturas falar-se do que são as políticas de fundo defendidas para o futuro do município. Desta forma estaríamos a elevar a qualidade de uma potencial partilha de ideias entre as partes o que inequivocamente acabaria por ser uma verdadeira mais valia para toda a população.

A política não pode continuar a a ser um móbil para se atingirem fins individuais ou particulares e, de uma vez por todas, temos que meter na cabeça que a política tem que existir com o fim único de servir a população!

Sempre me considerei, como considero todos os seres pensantes, como um ser político.

A política procura um consenso para a convivência pacífica em comunidade… com ou sem alcatrão!

AS PERGUNTAS CERTAS…

Estamos a cerca de 6 meses das eleições que vão eleger os nossos responsáveis políticos ao nível local. É verdade, parece que foi ontem o último ato eleitoral que elegeu os atuais protagonistas e já se começa a sentir a preparação de nova luta eleitoral local.

Gostaria de destacar que em Cantanhede vai haver uma eleição protagonizada por duas mulheres! Não sei se será caso único no país, mas será certamente um dos poucos casos em que mulheres assumem corajosamente a responsabilidade de se disponibilizarem para orientar os destinos do concelho que as viu nascer…

Este detalhe parece de somenos importância, mas julgo que se tivermos em linha de conta que estamos a falar de um concelho estruturalmente conservador não deixa de ser curioso. Cantanhede é, historicamente, um concelho de índole rural que tem vindo a tentar desenvolver atratividade ao nível do que é urbano e do que é a modernidade dos nossos tempos. Um bom exemplo disso mesmo é o caso do Biocant que tanto tem sido falado pelos bons motivos.

Este é um caso positivo que não devemos perder de vista, no entanto a génese e o âmago do nosso concelho e da sua população continuam a ser profundamente rurais e conservadores. Não considero que isso seja uma desvantagem, é apenas e só uma característica!

O que também continua a ser característica é esta tendência que eu caracterizaria de quase obsessiva de concentrar grande parte das melhores noticias para os momentos próximos destes atos eleitorais. Quero acreditar que tudo isto se processa desta forma por alguma razão técnica que desconheço neste momento, mas que não deixa de ser uma coincidência de calendário também acho que é inegável!!

A Srª Presidente da Câmara Municipal de Cantanhede, aquando da entrega dos prémios de mérito desportivo ao UR Cadima e ao Clube de Futebol “Os Marialvas”, comentou com os presentes (eu era um deles) que já havia pessoas a critica-la por já estar a fazer campanha através de algumas obras que estavam a ser lançadas e pelo aproximar da data das eleições e chegou mesmo a questionar retoricamente: “mas a partir de quando é que passa a ser campanha eleitoral?”. Considero que o grave nunca será fazer obra antes dos atos eleitorais, o grave é haver a necessidade de as fazer nessa altura! Significa que não foram feitas antes!!! E porque não foram feitas antes?!…

Obviamente que gerir um município como o de Cantanhede com cerca de 35000 habitantes não será fácil, mas convenhamos que às vezes parece que um bocadinho de dificuldade extra sabe bem!!!!

Não sou dos que critica fácil e gratuitamente, mas também sabem que nunca deixarei de dizer o que penso mesmo que isso implique riscos para os meus interesses pessoais!

Este ato eleitoral, a exemplo do último que vivemos (presidenciais), será muito provavelmente muito diferente dos anteriores, a pandemia é fator mais do que suficiente para condicionar as estratégias tradicionais, além disso outros “fatores” poderão surgir para ajudar a baralhar as análises tradicionais… Assim sendo, pode ser que novidades surjam na forma e, desejavelmente, também nos conteúdos das propostas que forem a “jogo” …

Façam-se as perguntas corretas! Pode ser que obtenhamos as respostas adequadas!

A CONSTITUIÇÃO E O PREÇO DA ÁGUA

Esta semana apetece-me escrever sobre dois temas. Um de cariz nacional, o outro de cariz regional.

Em termos nacionais claro está que a questão é a nova polémica dos apoios extraordinários que são mais do que justificáveis para uns e inconstitucionais para outros.

Para quem como eu gosta que as regras sejam cumpridas a segunda leitura afigura-se quase como imediata (segundo dizem os especialistas), no entanto também sou defensor da lógica de soluções extraordinárias deverão ser sempre opção em tempos extraordinários. Assim, facilmente se entende que estou em cima do muro sem saber para que lado cair…

No meio desta indefinição há algo que para mim é claro, se politicamente é muitíssimo complicado entender o posicionamento do Governo, tecnicamente até consigo acreditar que possa ter razão.

Isto leva-nos a outra esfera de raciocínio. Deverá a política, enquanto móbil para servir interesses da população, sobrepor-se à técnica, ou deverá a técnica, enquanto ferramenta para defender os interesses do povo, sobrepor-se à política?

Numa leitura imediata não teria dúvidas de avançar com os apoios extraordinários, mas a abertura de precedentes “perigosos” também é algo que não devemos perder de vista. Enfim, o ideal seria “sol na eira e chuva no nabal” …

Falando de água, ficámos esta semana a saber que Cantanhede tem das águas mais baratas da região!

Segundo o pasquim Campeão da Províncias”, sustentado num estudo da revista PROTESTE da DECO, afirma que “Cantanhede tem a água mais barata da região de Coimbra”. Muito bem. Eu diria além disso, qual é o espanto?! Sim, por estranho que possa parecer, e tendo como certa, sem uma análise mais detalhada, a informação disponibilizada, tenho para mim que de outra forma não poderia ser!

Não nos podemos esquecer que Cantanhede é, provavelmente, o mais rico concelho do distrito de Coimbra no que diz respeito ao recurso natural indispensável para a sobrevivência humana!

Cantanhede é um concelho “exportador” deste ouro líquido há muitos anos a esta parte!

Cantanhede tem como vizinhos limítrofes sete concelhos, alguém sabe a quantos vendemos parte da nossa água?! Com um bocadinho de sorte a quase todos…

Seria de estranhar não termos a água mais barata da região, não acham?!

Pessoalmente, e pelas mesmas razões, achei estranho que na fase aguda da pandemia, ao contrário de concelhos com água muito mais cara que a nossa, em Cantanhede não terem isentado os seus munícipes do pagamento da mesma… As terras do marquês têm destas coisas…

Para terminar queria apenas deixar claro que estes dois temas são, claramente, mais dois excelentes exemplos de como a forma de comunicar tem impacto direto na interpretação da mensagem…