O MARIALVAS É CAMPEÃO!

FOTO DE MATEUS SANTOS

É verdade, o Clube de Futebol “Os Marialvas” é o primeiro Campeão da recém-criada Divisão de Elite da Associação de Futebol de Coimbra. Com este feito irá, na próxima época desportiva, representar as cores da cidade e do concelho de Cantanhede nos Campeonatos Nacionais de Futebol sénior.

Não posso esconder a emoção que me invade enquanto tento escrever estas linhas que têm dois objetivos, o de valorizar este feito notável para o clube e ao mesmo tempo recordar os que merecem ser recordados nestes momentos e que, não poucas vezes são eventualmente esquecidos.

Já lá vão cerca de 20 anos desde a última vez que o Clube de Futebol “Os Marialvas” se sagrou campeão da, à data, Divisão de Honra da Associação de Futebol de Coimbra. Nesse tempo o timoneiro desta grandiosa embarcação era o Eng.º José Abrantes, que com uma equipa ao seu redor conseguiu, em bom tempo e com mestria, recolocar o Marialvas nos Campeonatos Nacionais.

Desde essa altura até aos dias de hoje o clube só conheceu mais três líderes de equipas diretivas. Este é um facto que podendo parecer curioso é de explicação simples.

A forma mais simples de explicar como o Marialvas só teve 3 Presidentes nos últimos cerca de 20 anos é apenas colocando uma questão:

“Quem se disponibiliza para ser presidente do Marialvas?”

 A resposta foi sendo sempre a mesma, foi sendo inquestionavelmente a mesma… Ninguém!

Neste particular gostaria de destacar um Presidente que, liderando o clube por mais de uma década, em muitas situações (eu diria demais!) colocando a vida do clube muito à frente da pessoal e familiar, foi conseguindo manter o clube vivo. Falo naturalmente do Sr. Luis Geraldes, um albicastrense que adotou Cantanhede como sua terra adotiva e que abraçou, como se não houvesse amanhã, o nosso Marialvas!

Esta fase foi provavelmente uma das fases mais complexas da vida do clube mas não podemos esquecer que se não tivesse havido um “Luís Geraldes” nessa altura, hoje provavelmente não existiria o Clube de Futebol “Os Marialvas”!

Muito obrigado, Luís!

O Marialvas, ao contrário do que muitos fizeram e ainda hoje tentam fazer crer, nunca foi e continua a não ser, um clube privilegiado pelas instituições que lideram os destinos do nosso concelho. Eu diria até, que a relação sempre esteve mais próxima da indiferença e até desprezo do que do privilégio fosse ele qual fosse.

Relembro episódios em que pressões políticas exercidas por ilustres e destacados dirigentes políticos fizeram com que investimentos, na área dos equipamentos desportivos, fossem canalizados para outras freguesias do concelho e que o Complexo Desportivo de Cantanhede ainda hoje, mais de uma década depois de ter sido iniciado, ainda está por concretizar… “Infelizmente” para o nosso concelho, nessa freguesia, o clube da terra terminará o atual campeonato nos últimos lugares da tabela…

Como alguns terão reparado, já tornei pública a minha insatisfação pelo comportamento dos responsáveis políticos do nosso concelho perante a concretização de mais um feito extraordinário por parte do Marialvas.

Não basta uma mera publicação no Facebook institucional do Município, a dar nota do acontecimento!

Certamente que neste momento já estarão eventualmente a preparar uma receção aos mais altos representantes do clube e atletas… sempre em ambiente controlado!

Mas falemos de coisas mais interessantes que este texto quer-se positivo!

A época de 2023/2024 ficará para a história como incontornável no trajeto que o Marialvas tem vindo a trilhar em termos regionais e nacionais.

Foi no passado fim de semana que a equipa de Sub19 se sagrou Campeã Distrital e carimbou a subida aos nacionais. Esta equipa irá fazer companhia às suas “irmãs” de Sub17 e Sub15, concretizando, com 3 anos de atraso, o que tinha sido gizado no “Plano Estratégico 2020” para a formação do clube.

Tal facto atribui ao Clube de Futebol “Os Marialvas” uma notoriedade inédita e única no concelho e muito rara no distrito, as três principais equipas de formação (Sub15, Sub17 e Sub19), juntamente com a equipa Sénior nos escalões nacionais do futebol português!!!

Apenas uma palavra, MARAVILHOSO!

Agora só falta o mais difícil, trabalhar para que esta realidade se transforme em normalidade na vida do nosso MARIALVAS!!!!

Bom trabalho e não se esqueçam que “faz mais quem quer, do que quem pode!”

CNT  05.05.2024

Museu (e não só) das datas falhadas!

Mais uma data falhada!

Foi no passado dia 19 de outubro que, na sua intervenção, no âmbito das comemorações do dia da freguesia de Febres, a Srª Presidente da Câmara de Cantanhede anunciou que o objetivo do Executivo seria a inauguração do Museu do Colecionismo em Cantanhede no próximo dia do aniversário do Dr. Cândido Ferreira, benemérito que doou o espólio para este equipamento cultural.

Se não existisse um histórico inacreditável à volta desta obra até poderia parecer que esta era uma boa ideia, até poderia parecer que poderia ser mais uma forma de agradecimento e reconhecimento ao benemérito, até poderia parecer que a Câmara de Cantanhede estava a fazer as coisas como devem ser feitas.

Pois bem, nada mais errado!

Nada mais errado pois devo relembrar que a data de inauguração deste equipamento cultural, cuja construção a exemplo de praticamente tudo (para não dizer tudo) no concelho, foi concretizada com recurso a fundos, alguns deles a fundo perdido, tem vindo a ser adiada ano após ano.

Sim, não me enganei e é mesmo “ano após ano”. Basta pesquisar noticias em jornais e até no site do município para percebermos que os finais de ano dos últimos anos foram sempre as datas previstas para inauguração do equipamento em causa! Nunca aconteceu!

É precisamente neste momento que a situação começa a ganhar contornos de ridículo.

A razão invocada múltiplas vezes, pela Srª Presidente, em Assembleias Municipais de Cantanhede foi a não contemplação de financiamento para a aquisição de mobiliário interior para o equipamento em causa.

Todos compreendemos facilmente que o mobiliário interior para um museu desta índole terá de satisfazer algumas características muito específicas. Apesar disso, 3 ou mais anos não será demasiado tempo para encontrar uma solução?! Isto, não querendo questionar a eficiência de uma candidatura a um financiamento para a construção de um equipamento sem acautelar o respetivo interior e as condições para o natural funcionamento do mesmo. Trabalhando eu desde sempre no sector privado, não tenho dúvidas que, nesse âmbito, tal seria certamente considerado como “grosseira incompetência”.

Para além de tudo isto, são visíveis já hoje, a quem passa pela estrutura em causa, os sinais de desgaste, provavelmente por não utilização, do equipamento em causa. É caso para dizer que quando finalmente se for inaugurar o Museu, convém financiar umas “obrazitas” de requalificação para a sua inauguração!

Recentrando na questão das datas, e relembrando que foi em 19 de outubro de 2023 que a Srª Presidente anunciou que seria, provavelmente, em 07 de abril de 2024 (data do aniversário do benemérito) que seria inaugurado o museu, naturalmente constatamos que mais uma data que não foi cumprida.

Mais uma data falhada!

O ridículo adensa-se e os equipamentos, financiados por todos, continuam a não cumprir coma sua missão.

Tudo isto num concelho que presta contas apresentando poupanças na ordem dos 6 milhões de euros, saldos de gerência na ordem dos 2 milhões de euros e que quer fazer crer à população que isto é bem gerir um município… será caso para, como diz o povo muito sabiamente, “com o chapéu do meu avô, cumprimento toda a gente”.

Termino com mais uma preocupação relativa a investimentos públicos de utilização comunitária.

O Complexo Desportivo de Cantanhede é um excelente exemplo de uma obra que, chegando com mais de uma década e meia de atraso, não deixa de suscitar algumas dúvidas quanto à sua concretização efetiva.

Espero que o Complexo Desportivo de Cantanhede não se transforme numa situação em que se tenha de adiar uma inauguração por não haver iluminação artificial ou por existir um qualquer buraco gigante no lugar de um qualquer relvado sintético, ou até natural!… Neste particular sinto-me à vontade para dizer bem alto que se tal acontecer não foi por falta de aviso!

Alguns dir-me-ão que as coisas custam dinheiro e que o mesmo não chega para tudo. A esses apenas respondo que o dimensionamento adequado dos custos de uma operação, bem como a sua programação temporal (cronograma), é meio caminho andado para o sucesso (ou insucesso) da mesma. O resto é só comunicação!

Hoje identifiquei mais uma data falhada… infelizmente não me parece que venha a ser a última…

PRESSUPOSTO ERRADO!

Eu até sou daqueles que defende um posicionamento dito “moderado”. Defendo que o PS deve fazer um esforço, com naturais limites, para manter uma estabilidade governativa aceitável de forma que a AD possa tentar pôr em prática o seu plano governativo.

Apesar de defender o que descrevi atrás, não consigo perceber como manter este posicionamento após este episódio inacreditável sobre o famoso “Choque fiscal” de Luis Montenegro.

Até poderão alguns socorrer-se do está eventualmente escrito, não poderão, no entanto, escapar aos registos de campanha eleitoral em que a mensagem foi sendo sempre passada e transmitida como um choque fiscal de dimensão considerável!

Honestamente falando, existe alguém que percebeu claramente que o acerto fiscal não seria de 1500 milhões, mas sim “apenas” de 200 milhões?!

Deixo-vos aqui apenas uma simples reflexão:

Partindo do pressuposto, pelos vistos errado, de que os candidatos querem ser sempre o mais esclarecedores possível junto dos eleitores, não teria sido muito mais claro se o atual primeiro-ministro, enquanto candidato, tivesse anunciado um acréscimo de 200 milhões de redução fiscal (IRS) face aos 1300 milhões já previstos em Orçamento de estado para 2024 e que transitaram da ação governativa do Governo anterior?!

Lamento dizê-lo, mas, para mim, para quem adjetiva de “habilidoso” o anterior primeiro-ministro, o exemplo com que nos brinda Montenegro, logo na primeira oportunidade, não augura nada de bom!

Naturalmente que, e eu já estou preparado para isso, a culpa é da dita “má-fé” do Secretário-geral do PS…

Digo que estou preparado pois vivo num concelho, Cantanhede, em que para o PPD, os louros são sempre “fruto do nosso trabalho”, e as críticas são sempre a consequência da incompetência de alguém, normalmente socialista” …

Pelos vistos agora, entre a realidade política local e a realidade política nacional, as diferenças vão ser poucas…

Que malabarismo! Que contorcionismo! Que desfaçatez!

Reféns da agenda

Porque é que é tão importante dar a ideia de que estamos ocupados?

Não sei se já se aperceberam, mas é cada vez mais, nos dias que correm, sinal de importância e utilidade, o facto de estarmos muito ocupados! Termos uma agenda ultrapreenchida e nem sempre termos a possibilidade de atendermos todos os telefonemas que recebemos. Só neste paragrafo já percebemos o porquê de muitas chamadas a que não obtemos resposta.

Afirmar que “não temos tempo”, foi sempre foi algo com que me debati, algo que, sempre que tive oportunidade, tentei inverter, algo com que nunca me identifiquei.

Foi nos meus primeiros tempos de vida profissional, que um ex-gerente de balcão de uma companhia de seguros onde trabalhei me disse em jeito de conselho que, “um vencido nunca tem tempo para nada e um vencedor consegue sempre tempo para o que é necessário!”. Nunca mais esqueci as palavras do bom amigo Manuel Marques, já há data um decano na arte de trabalhar no sector segurador.

Hoje, existe uma grande maioria que, como muitos de nós percebemos facilmente, continuam a ter tempo para muito pouca coisa e uma eterna dificuldade em arranjar disponibilidade para o necessário. Eu chamar-lhes-ia os “reféns da agenda”, mas na realidade não é da agenda de que são reféns. São, isso sim, reféns de um conceito de trabalho que cada vez mais não se coaduna com os princípios básicos do que é uma vida equilibrada.

Pensemos em quantos de nós passaram a tomar decisões com base em indicadores meramente de “sensação”. Pensem em quantas decisões tomamos diariamente com base na perceção que temos dos factos e não na própria substância dos mesmos. Pensemos nas decisões que tomamos apenas para provocarmos uma perceção nos outros que vá ao encontro do nosso desejo, quando o que deveríamos desenvolver era ações que os outros experimentassem e constatassem como adequadas ao nosso objetivo!

Mais uma vez, porque é que é tão importante dar a ideia de que estamos ocupados?

Alguns dos que nos rodeiam certamente terão agendas mais preenchidas do que outros, mas será por isso que terão uma vida mais preenchida?! Será por isso que serão mais influentes que outros?! Será por isso que serão mais importantes que outros?!

Tenho para mim que uma agenda equilibrada é, obrigatoriamente, uma agenda que respire e que permita ao seu gestor também respirar o suficiente, para garantir os níveis de qualidade na concretização das respetivas tarefas.

Há, no entanto, uma regra de ouro que gosto sempre de implementar na minha agenda, o “tempo de ouro”!

O “tempo de ouro” é o tempo identificado na agenda que garante a possibilidade de concretizar o seguinte principio:

É SEMPRE O TEMPO CERTO PARA FAZERMOS O CORRECTO!

O TEMPO PASSA POR TODOS

Las Vegas – Sandubar – Mesa posta

Três nomes comerciais para o mesmo espaço em diferentes contextos históricos.

Situado no Largo D João Crisóstomo Amorim Pessoa, vulgarmente conhecido por “Largo do Agueiro”, o espaço de que hoje vos falo é um Rés do chão de um edifício habitacional, não tem mais de 60 m2 e, tem uma pequena esplanada que é maior do que o espaço interior disponível para os clientes.

Em Cantanhede vários espaços ligados à restauração foram conseguindo criar a sua história, que em muitos casos atravessa gerações e as vai marcando como parte indelével da sua maneira de ser e de estar na comunidade.

Este espaço, que chegou a ser uma “discoteca”, ou um pequeno “club”, foi pioneiro nessa tipologia de espaço comercial em Cantanhede e marcou por isso muitos dos jovens dos finais dos anos 70 e inícios de 80 do século passado. “Las Vegas”, apesar de ter deixado de existir enquanto tal, ainda na década de 80, terá sido a semente de onde brotou uma dinâmica de espaços de fruição noturna como o Pub Stalaky e posteriormente o First Bar em Cantanhede.

É já na década de 90 que nasce, pelas mãos e um casal de origem brasileira, aquele foi para uma outra geração, a da qual faço parte, uma verdadeira referência, nasceu nessa altura o Sandubar!

Local de encontro de uma geração de estudantes de liceu, e de consumidores de uma noite de Cantanhede que tinha nessa altura o First Bar como principal porto de abrigo… No Sandubar fazia-se de tudo, falava-se de tudo, acontecia tudo… lembro-me como se fosse ontem como fiquei agarrado à televisão a ver o segundo avião embater na Torre Sul do World Trade Center, lembro-me como o simples facto de pedir para a aquecer uma sandes de pá fumada e queijo era o motivo para aumentar em 20 escudos o preço da mesma, e lembro-me de tantas outras coisas que não têm nem espaço nem contexto para serem contadas aqui… 😉

Foi no Sandubar que muitas coisas, que uma geração de cantanhedenses começara a criar, começaram a ver a luz do dia.  Relações de amizade que perduram até aos dias de hoje, tiveram a sua génese nesse espaço tão pequeno em área, mas tão rico em história. Pelo menos para este grupo alargado de pessoas, o Sandubar será sempre um motivo para recordações, boas e más, como é sempre feita a vida das pessoas!

Depois de tudo isto, vieram as “universidades” e os trabalhos de quem foi seguindo com a sua vida e que naturalmente foi sendo encaminhado por caminhos que diversificaram aquilo que era o caminho comum de um grupo de amigos, e até o Sandubar acabou…

Hoje o espaço em causa é um simpático e simples restaurante|snack bar gerido por uma simpática senhora que trouxe muita da sua experiência da Suíça, onde esteve emigrada e conta com a ajuda de uma sobrinha de “pelo na venta” que, mesmo com o seu ocasional mau feitio 😉, faz as delícias dos clientes com a sua constante disponibilidade para servir tudo e todos!

Para mim é sempre um regresso ao passado quando entro porta adentro no ex- “Las Vegas”, ex- “Sandubar”, actual “Mesa Posta”, para tomar um simples café.

Afinal de contas o tempo passa por todos, mas não passa por todos da mesma maneira…

MERCADOS EXTERNOS – CONFIANÇA NA DESCONFIANÇA

Parece-me que a grande maioria das pessoas já se esqueceu do que foram os “absurdos” anos de 2021, 2022 e uma parte de 2023, em que todos fomos postos à prova perante um desafio e uma ameaça que ninguém tinha previsto. Sim, refiro-me naturalmente à pandemia de COVID-19. Independentemente das mais variadas restrições que, de uma forma diferenciada, foram sendo implementadas em diferentes geografias do globo, houve uma actividade que teve a necessidade de se adaptar, não só às novas regras da pandemia, mas também às novas regras do jogo que se trava na gestão dos relacionamentos comerciais.

Perante uma nova realidade em que a mobilidade, principal característica que servia de base à prossecução de um trabalho comercial eficaz, deixou de ser uma possibilidade, houve a necessidade de se criarem e implementarem ferramentas que permitissem um contacto mínimo para se concretizarem os múltiplos objetivos das diversas partes envolvidas.

Pois bem, para quem, como eu, tem como profissão o desenvolvimento de relacionamentos comerciais baseados na proximidade e na confiança, esta foi uma fase muito estranha e difícil de gerir. Esta fase foi, sem sombra de dúvidas, desde que me dediquei a gerir comercialmente mercados externos, provavelmente o maior desafio com que já tive de lidar na minha carreira.

Se a este desafio enorme adicionarmos o facto de os mercados que me têm absorvido mais dedicação serem os mercados africanos, mais concretamente da África Central e Ocidental, facilmente compreenderão que a dimensão real do trabalho era digna de Hércules!

Lidar e trabalhar com estes países é uma constante luta no tentar aproximar de posições que nem sempre são as mais claras, é uma constante luta na tentativa de aproximar posições de partes que se querem ver como parceiros, mas que para isso têm de ultrapassar a fase da desconfiança constante. Lidar com estas realidades exige de nós, europeus, uma capacidade de compreensão, disponibilidade (física e mental), abertura de espírito e muitas das vezes aceitação do improvável que me parece nem todos conseguirão.

As necessidades dos países que fazem parte da geografia que identifiquei anteriormente são mais que muitas e, ao contrário do que muitos poderão julgar, na minha opinião, isso só dificulta o trabalho do gestor que deseja estabelecer relacionamento comercial com esses mercados. As gigantescas necessidades promovem dinâmicas de procura de solução que nem sempre são as mais adequadas e, não havendo um nível de seriedade e honestidade inquestionáveis da parte de quem quer apresentar a dita solução, facilmente se entra em lógicas de venda da “banha da cobra”. Este facto, como facilmente se compreende, se se verificar, irá promover uma sensação de desconfiança e intolerância ao desconhecido que, não poucas vezes, inquina definitivamente um potencial processo de verdadeira solução.

Considero que se identificarmos a potencial desconfiança, do potencial parceiro, como forma de racionalizar o nosso “negócio” estaremos certamente mais próximos de sermos identificados como parte da solução e não parte do problema. Chamaria a esta dinâmica a “confiança na desconfiança”.

Diz-me a experiência que adquiri nas últimas décadas que a melhor forma de combater esses constrangimentos, passa pela proximidade e pela, mais regular possível, presença junto do nosso (potencial) parceiro. Pouco há mais valorizado do que a presença de um potencial parceiro junto de nós. A presença de alguém que “investiu” milhares de km’s para estar a fazer parte de uma solução com quem mais precisa é, quase sempre, recompensada com o reconhecimento de quem decide.

Quem tem responsabilidades na gestão de mercados externos e que por isso mesmo considera que a sua função passa pela constante procura de soluções, sabe que exportar é muito diferente de internacionalizar, sabe que ser fornecedor é muito diferente de ser parceiro!

Agora, sem os constrangimentos da COVID-19, a realidade é novamente outra, mas com muitas outras nuances que não existiam antes de 2021, por isso, para mim, “voar”, será certamente uma das melhores formas de caminhar para o sucesso… junto de um parceiro!

Contorcionismo político, em Cantanhede, é modalidade olímpica!

Foi ontem de manhã que o Sr. Ministro da Saúde, Dr. Manuel Pizarro, veio novamente a Cantanhede, para proceder à assinatura do auto de transferência de competências na área da Saúde. Naturalmente que estive presente e, como não poderia deixar de ser, estive bastante atento ao que o Sr. Ministro disse, tanto na sessão solene como nas respostas que deu às questões colocadas pela imprensa.

Não posso deixar de registar que pelos vistos voltámos a ter uma Consulta Aberta em Cantanhede, desta feita no Centro de Saúde e com horário alargado até às 22:00!

Pelo menos é isso que vem plasmado no artigo do Diário de Coimbra (clicar para ver notícia na íntegra) em que se afirma que “ A reativação de uma consulta aberta, agora no centro de saúde, para atendimento de situações de doença aguda foi um dos pontos assegurados pela autarquia, prevendo-se, a partir de 1 de março, este atendimento das 18h00 às 22h00, em dias úteis, e das 10h00 às 20h00 aos fins de semana e feriados, sempre com análises e meios complementares de diagnóstico disponíveis no Hospital Arcebispo João Crisóstomo (HAJC).”

Pois bem, perante esta afirmação não posso optar pelo silêncio pois como diz o adágio popular, não será por uma mentira ser dita muitas vezes que a mesma passará a ser verdade!

E, neste caso, qual é a inverdade?

Apenas e só, a afirmação de que a autarquia assegurou uma Consulta Aberta no Centro de Saúde de Cantanhede. O que acontece na realidade é que foi alargado o horário de funcionamento de uma Consulta, que já existia, de tratamento a doentes agudos e que a mesma deverá ser realizada pelos médicos dos Cuidados de Saúde Primários! A mui famosa Consulta de Intersubstituição!

Assim sendo, a única diferença para a Consulta de intersubstituição existente anteriormente e que tão criticada foi por este Executivo, é o horário!

Fosse um Executivo qualquer socialista, um Governo socialista ou qualquer outra força política a fazer este flic flac à retaguarda e seria trucidado pela desfaçatez de dizer uma coisa e o seu contrário na “mesma frase”.

Como estamos em Cantanhede e o contorcionismo político deve ser considerado uma modalidade olímpica, diria que esta ida ao praticável poderá valer uma medalha!

Da minha parte sempre deixei claro o que penso sobre este processo. Se por um lado devemos garantir a captação de financiamento para obras na área da saúde para o concelho, devemos também assumir que, como apresentei em declaração de voto, esta solução ainda não é a ideal, nem tão pouco traz para o território, seja o que for que já tenha existido no passado mais longínquo!

Há que dizer a verdade, e a minha forma de o fazer é partilhando convosco o que faço, por isso aqui fica a transcrição da minha declaração de voto que também foi subscrita pelo Eng.º José Santos, também vereador do PS na Câmara Municipal!

Este é um tema, a Saúde, que já todos compreendemos que é supra partidário e que a haver vencedores só poderá ser a população que todos representamos, por isso a questão da proximidade com um momento eleitoral, não me condiciona minimamente na análise que faço dos documentos em discussão. O Auto de transferência agora em análise demonstra claramente um caminho que foi sendo percorrido na procura de mais e melhores condições para os serviços de saúde no concelho de Cantanhede. Só este aspeto seria para mim suficiente para que defendesse a assinatura do documento em causa. Além disso, se adicionarmos o facto a Adenda ao documento atrás referido acrescentar, de certa forma, responsabilidades e compromissos que deverão ser cumpridos pela tutela ao nível dos cuidados de saúde no concelho, torna-se simples assumir uma posição clara neste particular. Os sinais que temos vindo a percecionar e que acredito tenham atualização positiva num futuro muito próximo, em termos de investimentos na saúde no concelho, nomeadamente ao nível do Plano Recuperação e Resiliência (PRR), são mais um fator que justifica a pertinência de o Município dar um sinal de positividade e de vontade de fazer parte da solução global na Saúde em Cantanhede. Esse sinal poderá ser dado através da assinatura do Auto de Transferência das Competências na área em causa.

Esta posição não embarga nem invalida que o cenário que conhecemos, que é preconizado pelo Ministério da Saúde / Direção Executiva do SNS como solução para o tratamento de casos de doença aguda no concelho de Cantanhede, ainda não satisfaz o que almejamos há tempo demais. Pelo que manteremos o escrutínio e a monitorização da implementação do identificado na Adenda e respetiva análise do impacto das ações em causa na qualidade das respostas ao nível da saúde no concelho de Cantanhede.”

Assim,afirmo, sem qualquer tipo de pejo ou receio, que não, a autarquia não assegurou nenhuma Consulta Aberta no Centro de Saúde! A autarquia, ao nível da resposta aos casos de doença aguda, apenas se limitou a aceitar a proposta da DE/SNS e do Ministério da Saúde!

Termino criticando veementemente este constante estado de propaganda que, ao sabor do trabalho desenvolvido pelos gabinetes de Comunicação colocam as notícias da forma que querem e onde querem, apenas com o objectivo de retirar dividendos de múltipla ordem.

Aquele abraço

A DANÇA DAS CADEIRAS… sem ser em Lisboa

Na última reunião de Câmara, extraordinariamente longa com mais de 6 horas de duração, ficámos a saber que o Presidente do Conselho de Administração (PCA) da INOVA-EM, Engº Idalécio Oliveira, apresentou a renúncia ao seu mandato que tinha iniciado em 2021. As razões pessoais que alegou para justificar o seu pedido ficarão nesse registo (pessoal) porque assim deve ser.

Além deste pedido, fui surpreendido com outro pedido de renúncia que, honestamente, não antecipei, foi o pedido de renúncia do Presidente da Assembleia Geral da INOVA-EM, o Dr. Pedro Cardoso. Em relação aos motivos deste pedido, pressupus, provavelmente de uma forma ingénua, que seria por algum tipo de solidariedade para com o PCA, mas o que aconteceu de seguida mostrou-me que não era essa a razão.

Perante tal cenário foi eleita nova Presidente da Assembleia Geral da INOVA-EM, Dr.ª Helena Teodósio que, depois de devidamente empossada nestas novas funções, tratou de resolver o problema da vacatura do lugar de PCA da INOVA-EM.

Pois bem, por proposta da Sr.ª Presidente da Assembleia Geral da INOVA-EM, foi nomeado como PCA o Dr. Pedro Cardoso que acumulará as funções de Vice-Presidente da Câmara e responsável pelos pelouros da Gestão Urbanística e Ordenamento do Território; Educação; Cultura; Assuntos Jurídicos e Contencioso e, ainda, o Pelouro da Juventude.

Nada me move contra ninguém, nem tão pouco contra a pessoa do Dr. Pedro Cardoso, no entanto há questões que me saltam à vista e que não pude deixar de questionar na dita reunião.

É para mim claro que, independentemente de eu não conhecer nenhuma parte específica do Curriculum Vitae do Dr. Pedro Cardoso, que me garanta que detém as competências adequadas para execução da função de PCA da INOVA-EM, a função em causa é de fulcral importância, técnica e política, na prossecução dos objetivos da existência de uma empresa como a INOVA-EM.

Relembremo-nos que a INOVA-EM gere, entre outras coisas, aquele que é o recurso mais valioso do nosso território, a água.

Relembremo-nos que a INOVA-EM, entre outras coisas, organiza e gere tudo o que se relaciona com um dos maiores eventos ibéricos em termos de festividades, a EXPOFACIC.

Apenas com estas duas referências, parece-me evidente que o lugar de PCA deveria ser acautelado por alguém que, pelo menos, tivesse a capacidade de o assumir em regime de tempo inteiro.

Não me parece adequado que esta mudança de cadeiras seja concretizada desta forma, tão “à pressa” (foi o que me pareceu) e sem uma lógica ou estratégia que efetivamente se percebesse.

Pelos vistos em Cantanhede, se quisermos ser um pouco mais provocadores e atrevidos, “…(provavelmente) andou-se a pagar demais a funcionários”.

Vejamos porque digo isto:

  1. -Aquando da saída da Dr.ª Maria Carlos, Chefe de Divisão da Cultura da CMC, não se sentiu a necessidade substituí-la na função em causa, pois os dois técnicos ao serviço dessa área, além de Presidentes de Juntas de Freguesia (e por isso não podiam assumir a função de chefia sem abdicar do dito mandato autárquico), em articulação com o vereador da Cultura, assumiriam/acumulariam as funções da colaboradora que agora saía.

Conclusão possível: andou-se a pagar vencimento de Chefe de Divisão desadequadamente pois dois técnicos existentes na estrutura fazem hoje as mesmas funções sem qualquer custo adicional.

  • -Se, ao caso descrito anteriormente, adicionarmos a nomeação do Dr. Pedro Cardoso como PCA da INOVA-EM, percebemos que, também neste caso, se pode questionar porque se andou a pagar durante estes anos todos os vencimentos de um PCA quando um político no ativo, com competências delgadas em múltiplos pelouros e em acumulação de funções o pode assumir, graciosamente!

São este tipo de situações, de difícil compreensão para o comum mortal, que continuam a contribuir para que as pessoas se questionem acerca da verdadeira, e importantíssima, função da política na sociedade.

A dança das cadeiras continua, e desta feita não é ao nível do Governo central!

Termino este meu pequeno texto dizendo que, numa reunião em que se “debateu” o Orçamento para 2024, este tema do PCA da INOVA-EM foi, sem sombra de dúvida, a estrela da tarde…

Boa sorte para todos e especialmente para o novo PCA da INOVA-EM

Alegadamente independente – A história do José…

Vivemos dias difíceis para quem, através da política, gosta e sente o ímpeto de participar ativamente, na vida da sua comunidade. Não será difícil encontrarmos pessoas que quando questionadas, afirmam de uma forma quase automática, que não se reveem no atual cenário político ou nos perfis dos que lideram hoje os processos mais mediáticos no que à política diz respeito.

Certamente já compreenderam que sou um dos que sentiu, desde muito cedo, esse ímpeto de fazer da política uma das formas de intervir positivamente na minha comunidade.

Apesar de fazer parte de uma geração pós 25 de Abril de 74, julgo que me posso identificar como uma pessoa com ideais e preocupações políticas minimamente consolidadas. Tenho como certo para mim que consigo ter uma perspetiva prática das coisas, mesmo que por vezes goste de polvilhar a realidade com uma dose qb de romantismo. É uma das formas que tenho de introduzir uma variável que me é muito querida, a criatividade/espontaneidade.

Não vos vou esconder que depois de ter “aterrado” neste mundo, me comecei a aperceber que muitas das coisas que eu identificava como de simplicidade extrema, afinal eram um pouco mais complexas do que eu inicialmente julgava. Tal facto ajudou-me a concluir que uma das grandes complexidades de fazer política em prol da comunidade é capacidade que se tem, ou não, em manter, valores, princípios, posições, garantindo assim a defesa do superior interesse de quem representamos.

Sobre esta questão, existem cada vez mais pessoas que julgam que o caminho para ultrapassar esta dificuldade é o caminho dos grupos de independentes, das candidaturas independentes. Pois bem, não sei se serei um desses, aliás diria mesmo que tenho quase a certeza de que não sou um desses.

Tenho para mim, admito que eventualmente de uma forma condicionada, que de independente esses grupos de pessoas têm muito menos do que o que apregoam.

Sobre este tema tenho uma pequena história, baseada em factos verídicos em que se alteraram os nomes apenas para proteger a identidade dos intervenientes…

É a história do José…

José, um jovem empresário de sucesso, sempre teve muito claros e identificados os valores que sempre o regeram, os princípios que os seus antepassados lhe transmitiram e que de uma forma tradicional têm vindo a passar de geração em geração na sua família. Tinha como hábito, ao final de uma semana de trabalho, à sexta-feira, passar umas horas com os amigos a socializar um pouco, a falar do que se lhe aprouvesse, a debater temas profundos ou a analisar se a intensidade do empurrão do Mozer era suficiente para fazer cair o Domingos…

Enfim, conversas de sexta-feira.

Numa dessas sessões de “descompressão”, José cruzou-se com Mário, um jovem empregado por conta de outrem, mas que sempre teve um espírito de participação na comunidade muito intenso e que, nessa altura, era um dos políticos da oposição local.

Foi a altura ideal para José abordar Mário com uma ideia que ele achou ser brilhante. Tinha de convencer Mário a deixar o partido político em que este se militara, e a abraçar um projeto independente!

Convém acrescentar que José, fruto das suas lutas diárias enquanto empresário, vida nada fácil, diga-se de passagem, estabeleceu um relacionamento relativamente próximo com um ex-político que tinha tido a responsabilidade de liderar a sua comunidade no passado. Foi precisamente esse ex-político, que vamos tratar por Manel, que começou a incentivar José a assumir uma candidatura a qualquer coisa, a liderar um processo de mudança que segundo ele era fundamental para os objetivos globais da comunidade.

Voltando à abordagem de José a Mário, o segundo ficou algo surpreso com o teor da conversa pois nunca tinha identificado nenhum tipo de intenção de participação política de qualquer espécie em José, que, de uma forma genérica, sempre tinha desdenhado o meio político.

Depois de devidamente contextualizado Mário percebeu qual era a raiz da ideia e rapidamente também percebeu que dificilmente poderia abraçar o desafio que lhe estavam a propor, era longínquo demais dos seus princípios, dos seus valores, das suas convicções.

Naturalmente, Manel (ex-político), seria, pelo menos, uma referência, um porto de abrigo, com todas as características e princípios que o caracterizam.

Para Mário, estrategicamente, até poderia ser interessante a existência dessa candidatura, mas nunca fazendo parte do processo!

Esta é uma descrição muito sucinta de um episódio verídico que se passou, há não muito tempo, e que nos ajuda eventualmente, a perceber que a independência deste tipo de movimentos é sempre muito relativa.

A relatividade desta independência é sustentada fundamentalmente no facto de os movimentos, como os partidos políticos, serem consubstanciados por pessoas, por seres pensantes. Sem eles, nem movimentos independentes nem partidos políticos têm condições para existir.

Imaginando que Mário tinha aceitado o desafio de José, teria sido ele um político diferente a partir daí? Acredito que na cabeça de alguns, sim. Para mim, responderia perentoriamente que não! Responderia perentoriamente que não porque, se eu substituísse o Mário nesta história, eu saberia que o meu trabalho enquanto político da oposição já estaria a ser desenvolvido com base no superior interesse da comunidade, articulado com os valores e princípios que eu defendo como adequados e com os quais me identifico.

Sabendo e tendo a clara consciência de que a minha opinião não é a mais simpática nem tão pouco a mais popular, devo mesmo assim assumir que os movimentos políticos de carater independente, mais do que defender a dita, muitas das vezes servem mais para defender o interesse de alguns renegados de partidos políticos que assim tentam voltar à ribalta. Nem que seja de uma forma encapotada…

Honestamente, e desculpem-me os mais distantes, necessito deixar esta questão aos que me são mais próximos: Acham mesmo que serei uma pessoa diferente se estiver ligado a um partido ou se estiver ligado a um “movimento político independente”?! Onde ficam as minhas raízes e as minhas mais profundas convicções?! À mercê de um qualquer encantador de serpentes que me consiga convencer da sua profética missão?!

Por favor…. Erradamente idealista aceito ser, interesseiramente aproveitador das circunstâncias, jamais!

No passado tenho-o dito de múltiplas formas e em diversas plataformas, “nunca venderei a minha alma ao Diabo!”

Não considerando os movimentos políticos independentes como o “Diabo” também não consigo identificá-los como os “Anjos da guarda” da nossa democracia e do nosso sistema político.

Lamento…

MENU DE NÚMEROS – à vontade do freguês…

Há pouco dias ficámos a saber pelas redes sociais do Município de Cantanhede que, segundo o Anuário Financeiro dos Municípios Portugueses, “Cantanhede é o município que, na Região de Coimbra, registou o maior equilíbrio orçamental em 2022, encontrando-se na 30.ª posição do ranking nacional neste indicador relativo à taxa de cobertura da receita corrente sobre a despesa corrente mais a média das amortizações dos empréstimos de médio e longo prazo.

Esta avaliação consta da última edição do Anuário Financeiro dos Municípios Portugueses recentemente tornado público e resulta do saldo positivo de 4.554.990 euros entre aquelas duas variáveis, obtido pelo executivo camarário liderado por Helena Teodósio, mais 1.031.825 euros do que em 2021.”

Até tenho vontade de dizer algumas coisas sobre este tema mas o que me traz aqui hoje é o facto de se continuar a valorizar estes tipo de avaliações quando, alegadamente são do interesse da maioria do Executivo do município e a desvaloriza-las, até a desdenha-las, quando nos mostram que se calhar o território tão fantástico que é o concelho de Cantanhede, tem algumas questões que ficam muito aquém do que é a verdadeira necessidade dos seus munícipes.

Uma das entidades cuja credibilidade e idoneidade é impossível colocar em causa é a PORDATA, e é precisamente por isso que me muni de informação retirada dessa plataforma.

Este texto não tem como objetivo ser uma análise exaustiva aos dados existentes na plataforma em causa, mas apenas ser uma perspetiva diversa da do município de Cantanhede e assim percebermos que existe sempre um outro lado…

Comecemos pela “População”. Facilmente constatamos que de 2011 a 2021 Cantanhede perdeu cerca de 2400 pessoas, mas o indicador que eu acho deve ser destacado é o valor de 51.4% de população inativa em relação à residente, um aumento de cerca de 2% que fez ultrapassar a barreira dos 50%, ou seja, já são mais os que estão inativos do que os ativos!

Se passarmos ao indicador “Famílias”, percebemos que também existem hoje (entenda-se 2021) em relação a 2011 menos famílias, mas houve um aumento de cerca de 2 pontos percentuais de pessoas que vivem sós, são já cerca de 10% da população residente.

É precisamente quando analisamos um novo indicador relativo à população e à sua escolaridade que percebemos que a população analfabeta, apesar de ter descido 41.4%, ainda se mantém acima das 1300 pessoas.

Se passarmos aos indicadores relativos à mobilidade, percebemos que as pessoas que saem da cidade para trabalhar ainda são em maior número do que as que entram, num diferencial de cerca de 2000. Sobre este tema destaco ainda a percentagem da população que se desloca regularmente de carro, 78% (aumento de 6.1 pp). Tal facto deverá ser efeito certamente da parca ou praticamente nula oferta de rede de transportes públicos coletivos e que satisfaçam efetivamente as necessidades da população.

Finalmente, no que toca à Habitação, tema de que se tem tanto falado, destaco o aumento de 35% de habitação arrendada ou subarrendada. Em sentido inverso percebemos que a construção “travou a fundo” pois se analisarmos o número de edifícios construídos na década antecedente (2001-2011), percebemos que representam cerca de 10% da oferta total. O crescimento, incipiente diga-se, de apartamentos e moradias ficou-se pelos magros 2.4%.

Gostaria de realçar novamente que este texto é apenas uma forma de se poder analisar este tipo de números e que, por isso mesmo, acredito que muitas outras análises se poderiam fazer, a descrever um cenário global bem mais interessante a quem só analisa pela superfície.  

Certamente muitos se questionarão do porquê de trazer dados de há mais de dois anos agora, mas a verdadeira razão deste texto não são os dados por si, mas a forma como alguns os usam.

Relembro, conforme inicio deste texto, que foi durante a semana passada que o Município de Cantanhede apresentou, com destaque, o facto de ser o 30º município ao nível do equilíbrio orçamental apresentado nas suas contas (dados do Anuário Financeiro dos Municípios Portugueses).

Pensemos no seguinte: Se se fizesse um ranking com estes temas seria também o 30º lugar o resultado que caberia a Cantanhede? Honestamente tenho muitas dúvidas que tal acontecesse.

Naturalmente que gostamos sempre de valorizar o que está bem em detrimento do que está menos bem, mas no caso de responsáveis políticos que têm como função primordial orientar os destinos das suas comunidades, julgo ser de fundamental importância que paralelamente ao enaltecimento dos aspetos positivos, deva ser feita uma identificação clara dos aspetos menos positivos e respetivas soluções preconizadas. Se assim não for, facilmente se cai na tentação de uma, segundo alguns já hoje existente em Cantanhede, lógica propagandista de comunicação.

Para terminar, sobre os muitos milhões identificados no início deste texto, defendo, como já o fiz múltiplas vezes no passado, que as contas certas serão sempre um fator importantíssimo na vida dos municípios, mas não podem ser castradoras do que é a função primordial de quem os lidera, que é satisfazer as necessidades, de múltiplas espécies, de todos os seus munícipes.