Complexos desportivos vs Pantanal…

 

img_20161215_212452_01Venho até vós, hoje, depois de termos passado um domingo com muita chuva e sem condições para atividades outdoor. Além disso, foi também um domingo em que o Clube Futebol “Os Marialvas” jogou em casa e não foi além de um empate a zeros com o Gândaras (Lousã).

Naturalmente que a dedução mais fácil e rápida será “perdeu pontos e vem para aqui destilar o azedo que vai dentro dele”, no entanto, apesar de não estar muito bem-disposto por causa do resultado, o que me fez vir aqui hoje foi o ter constatado algo que, enquanto responsável pelo CFM, me preocupa bem mais que o resultado de ontem. Em Agosto de 2015, publiquei, neste espaço de opinião, um texto sobre a questão dos complexos desportivos do concelho de Cantanhede. Nesse texto abordava algumas questões que ainda hoje se verificam e, pior, se agravaram!

Todos os que me vão acompanhando sabem que a minha opinião é a mesma há muito tempo, erros estratégicos e de investimento por parte do município criaram condições para que, hoje, tenhamos complexos desportivos terminados ou praticamente terminados, em sedes de freguesia e, na sede do município temos um complexo desportivo por terminar e com infraestruturas de apoio provisórias há 8 anos!!! Se a isto juntarmos o facto de ser precisamente o complexo desportivo que ainda não está terminado que recebe o maior número de entidades utilizadoras do mesmo, chegamos facilmente à conclusão que algo foi ou está mal programado!

Os Complexos desportivos de Ançã, Tocha e Febres, devem ter, claramente, taxas de ocupação substancialmente inferiores à taxa de ocupação do (vou começar a chamar assim) “Futuro Complexo Desportivo de Cantanhede”, no entanto é o Futuro Complexo Desportivo de Cantanhede que tem as mais parcas condições para oferecer aos utilizadores! Até a Associação Naval 1º de Maio (que infelizmente parece que vai acabar) veio fazer jogos da sua equipa sénior no dito espaço!!

O CFM é o clube prioritário no Complexo Desportivo de Cantanhede, é o clube prioritário no Campo S. Mateus (Relvado natural), no entanto não invalida que outras entidades utilizem o espaço com as naturais consequências da mesma. Ou seja, ontem foi um caso concreto em que a não poupança de um relvado natural com cerca de 30 anos fez com que o jogo dos séniores do CFM (clube prioritário no Campo S. Mateus) fosse realizado num verdadeiro “Pantanal”!!

Nem sempre é fácil para mim, separar o racional do emocional, mas parece-me que chegou a hora de claramente não embargar qualquer tipo de emoção para conseguir com que os responsáveis deste processo percebam claramente a minha “razão”. Sei bem que o CFM, nos últimos anos, não foi propriamente o exemplo de cordialidade no relacionamento com as diversas entidades que o circundam, mas não pode ser esse o factor utilizado pela edilidade para justificar o descalabro que temos neste momento, em questões de infraestruturas desportivas, na sede do município!!!

Verdade seja dita, já houve abertura por parte do Executivo para se começarem algumas conversas para encontrarmos uma solução para esta questão, pois bem, vamos então a isso, sendo certo porém que, da minha parte, o que me moverá será sempre o superior interesse do Clube de Futebol “Os Marialvas”.

Aquele abraço

 

Ólhó Bochechas!…

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Mário Alberto Nobre Lopes Soares, hoje é o seu funeral. Não será um funeral normal pois não se trata de uma personalidade normal. Reparem que não utilizei o termo “importante” pois, o grau de importância que cada um de nós atribui a um terceiro é da sua mais intima responsabilidade. A normalidade deste funeral é inversamente proporcional ao impacto que a vida deste homem teve na vida de um povo, na vida de um país, na vida da grande maioria dos cidadãos de Portugal.

Obviamente que muitos questionarão a nobreza de todas as suas atitudes, enquanto pessoa que teve muitas responsabilidades no desenvolvimento do nosso país nas ultimas 3 ou 4 décadas, quem sou eu para questionar a legitimidade dessas opiniões, quem sou eu para questionar a legitimidade de algumas afirmações, quem sou eu para julgar-me com capacidade para analisar e concluir o que for sobre uma vida de alguém tão rica em coisas boas como em coisas menos boas (por vezes nem em relação à minha vida consigo tirar conclusões quanto mais em relação à de outros…), quem sou eu para tirar conclusões com bases em meros recortes de jornal, quem sou eu para dizer seja o que for sobre o homem que hoje se enterra!…

Naturalmente que quando uma pessoa se disponibiliza para a vida pública, parte de si passa a ser também de outros e, relativamente a isso posso dizer que a morte de Mário Soares provocou em mim uma curiosidade (provavelmente mórbida) de perceber melhor a personalidade, de conhecer melhor factos históricos enquadrados à data do seu acontecimento, perceber melhor o porquê de tanto amor e ódio a Mário Soares.

Confesso que ainda não cheguei a nenhuma conclusão brilhante, nem sei sequer se alguma vez lá chegarei, no entanto é claro, hoje, para mim, que alguns momentos da sua longa história nunca serão devidamente esclarecidos e que outros há que facilmente serão capitalizados para correntes de pensamento que não a dele. Enfim, efeitos da constante presença no meio público, nem sempre de uma forma consensual…

Uma das coisas que mais pessoas que o conheceram pessoalmente têm afirmado é o facto de ele ter sido um acérrimo defensor da “não unanimidade”, o que nos dias que correm quase parece um sacrilégio para uma pessoa que teve as responsabilidades que Mário Soares teve…

Sei bem que que algumas pessoas depois de lerem este texto terão muitos argumentos para pôr em causa tudo e mais um par de botas, para essas pessoas eu deixo uma sugestão… História! Que hoje está disponível para todos!

A título particular, a minha mais longínqua lembrança de Mário Sores vai continuar a ser a forma “carinhosa” com a minha Tia São dizia “Ólhó Bochechas!!” quando Soares aparecia na televisão… o resto é História…

50 anos de influência para a imortalidade…

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04 de janeiro de 1967, L.A., nascia um dos mitos mais interessantes da década de 60 nos Estados Unidos da América.

The Doors mostravam-se à opinião pública com o seu primeiro álbum com titulo homónimo. Reza a história que o álbum foi gravado em “meia dúzia” de dias e que viria a ser um dos marcos de uma geração que, até há pouco tempo atras ainda acreditava que podia mudar o mundo de formas pouco convencionais.

A história desta banda é sobejamente conhecida e versões mais ou menos ficcionadas circulam por tudo quanto é sitio que se debruça a analisar os fenómenos ligados à música. Obviamente que numa dinâmica de grupo, como é uma banda, raramente o valor da banda é a soma das suas partes, The Doors são um excelente exemplo disso mesmo pois, o seu frontman assumiu claramente as despesas da casa enquanto catalisador de tudo o que de bom e de mau aconteceu nos anos finais da década de 60 e inícios de 70. Jim Morrison, ou o Rei Lagarto, como se auto intitulou, foi claramente um farol da cena underground, enquanto defensor do anti-stablishment e enquanto defensor da liberdade criativa total, no entanto a sua vertigem pelo “limite” e consequente ultrapassagem do mesmo fez com que muitas das suas ações fossem, muitas das vezes, interpretadas como apenas loucuras de alguém que tinha como regra base a exploração máxima do exagero.

No que a mim diz respeito, esta banda e a figura de Morrison, além da vertente artística, tem um peso emocional considerável pois foi através de um primo que cheguei a estas sonoridades e, aquando do falecimento desse primo, fiquei para sempre a “hipnotizado” pelo fenómeno The Doors/Morrison. Foi uma fase um pouco atribulada de fim de adolescência inicio de idade adulta, em que alguns episódios, de alguma intensidade, foram acontecendo na minha vida, sempre com os The Doors como banda sonora.

O processo de descoberta de novas sonoridades que desenvolvi foi, ele mesmo, um reflexo da minha quase obsessão pela banda de LA que continuava a fazer parte de todas as cassetes que tinha gravadas mas que, de uma forma subliminar, me estimulava a procurar coisas novas. Foi precisamente nessa altura que eu adotei para mim o conceito do “pelo do cú” que me ajudou a definir o que me agradava, ou não, à medida em que ia descobrindo coisas novas e diferentes.

Para quem não está familiarizado com o conceito e causa passo a explicar: “Só quando uma música me arrepia os pelos do cú” consigo dizer que vale a pena ouvi-la!

Este conceito (aceito que questionável) ainda hoje me orienta nas minhas escolhas musicais que faço para as diferentes fases, dos diferentes dias, em que ouço música, mas uma coisa posso garantir, se não fosse por este caminho não teria descoberto muitas das minhas “obsessões”.

Foi nesta fase que acabei por concretizar o meu primeiro projeto no âmbito de uma lógica de “não importa se bom, importa é fazer!!!” Nesta fase “nasceu e morreu” o “Divagar, devagar”, uma compilação de pequenos textos escritos por mim que versavam sobre tudo e sobre nada… sobre toda a gente e sobre ninguém… no fundo versavam sobre a minha constante procura de algo que me fizesse andar para a frente (sempre com os The Doors como pano de fundo) …

50 anos volvidos após o lançamento do seu primeiro álbum, ainda consigo passar um dia inteiro a ouvir a discografia dos seguidores de Walt Whitman e de Aldous Huxley e pensar…

Porra, estes gajos eram mesmos uns génios!!!!