CANTANHEDE A SABER CRESCER… OU NÃO!

Cantanhede e os indicadores. Mais uma vez estamos perante dados, julgo que posso dizer insuspeitos, relativos à população do concelho de Cantanhede. Estes dados são preliminares e relativos aos Censos 2021.

Cantanhede, enquanto concelho, acompanhou a perda de habitantes registada pela globalidade do país. Apesar da constante propaganda da máquina ligada ao grupo municipal Cantanhededense (Câmara Municipal, Inova, Biocant e ABAP) a defender que Cantanhede é quase uma ilha no que diz respeito aos indicadores da qualidade de vida e da captação de tudo o que são boas referências, o que é facto é que existem no concelho, freguesias a perderem desde 2011 a 2021 habitantes a dois dígitos!

Os casos das freguesias de Cadima (-10.7%), S. Caetano (-9.7%), Febres (-9.3%), Corticeiro e Vilamar (-9.2%), Sepins e Bolho (-11%), Murtede (-10%), Portunhos (-9.6%) são evidencias de como a propagada coesão territorial não é mais do que uma parangona utilizada por quem está no poder…

O Concelho de Cantanhede é claramente um caso que poderá servir de exemplo a muitos outros dadas as características intrínsecas que tem e as políticas de coesão que deverão ser implementadas.

Não pode haver coesão territorial (seja em que indicador for) se não houver índices de transparência adequados. A informação e a capacidade de a gerir por parte da população não pode ser condicionada seja de que forma for.

Por outro lado, a vertente do investimento, outra área fulcral, não poderá ser desenvolvida, sem ser devidamente explicada à população.

Não há nada mais difícil do que tomar decisões, além disso continuo a achar que uma má decisão é sempre mais interessante que uma “não decisão”.

No momento de uma decisão a este nível é obvio que assumir-se a escolha de uma situação (seja a localização ou outra) em detrimento de outra é sempre delicado e a única forma de se gerir positivamente estes momentos é através de um índice de transparência inatacável, um índice de transparência que permita a todo e qualquer um perceber a logica que serviu de base na tomada de decisão. Honestamente julgo que o atual Executivo de Cantanhede ainda tem um caminho árduo a percorrer neste particular.

Em suma, deixo-vos a listagem das freguesias do concelho de Cantanhede e, com estes dados, comecem a tirar as conclusões que acharem adequadas…

Parafraseando um comentário que li há uns dias no Facebook, se esta é a “forma correta como Cantanhede tem sabido crescer” … o que será não crescer?!

BUSCANDO SOLUÇÕES, COM MUITAS OPÇÕES!

Cada dia que passa é menos um dia disponível até ao dia das eleições autárquicas de 2021.

Por motivos profissionais, estive ausente do país nas duas últimas semanas, mas não deixei de acompanhar, o mais proximamente possível, as novidades que iam surgindo.

Muito bem, falando concretamente de Cantanhede, julgo que este ato eleitoral já teve o condão de se apresentar aos eleitores de uma forma bastante diferente.

É inequívoco que Cantanhede é um concelho “estruturalmente” conservador, um concelho em que durante os 47 anos de democracia pós 25 de Abril, apenas um mandato de 4 anos não foi liderado pelo PPD/PSD, corria o ano de 1993 quando o candidato socialista, Dr. Rui Crisóstomo, venceu esse ato eleitoral e colocou o PS na “lista das forças vencedoras” no mapa autárquico cantanhedense.

Como dizia atrás, este ano já está a ter o condão de nos presentear com algumas novidades. Se por um lado a lógica de continuidade, tradicionalmente desenvolvida pelos candidatos anteriormente eleitos, não se verificou em algumas freguesias (algumas delas até bastante importantes), por outro podemos constatar que os partidos, pelo menos os ditos “tradicionais”, começam a sentir cada vez mais uma necessidade de renovar as suas fileiras e promover a transição geracional necessária para que a continuidade de certos valores não seja posta em causa.

No caso concreto das candidaturas à Câmara Municipal de Cantanhede, de destacar a presença de duas mulheres a liderarem as candidaturas de PPD/PSD e do PS, no entanto as grandes novidades são as candidaturas do BE e do CHEGA que pela primeira vez vão a jogo. Segundo informação não confirmada, durante esta semana será também apresentado o candidato do CDS/PP.

Claramente que a vitalidade está garantida, o número de múltiplos candidatos comprova, ao contrário do que alguns julgam, a importância que a política tem para muitos dos nossos concidadãos!

Para muitos desses nossos concidadãos a política de proximidade é o único elo ao mundo distante da “Política Nacional” que muitas das vezes não consegue comunicar com o mundo das bases e onde se faz a chamada realpolitik.

Independentemente de tudo uma coisa é certa, Cantanhede afinal tem forças vivas, tem massa critica que se disponibiliza para fazer frente a interesses instalados e dinâmicas de controlo nem sempre muito transparentes.

Sim, desenganem-se os que pensarem que este número record de candidatos tem a ver apenas com a vontade de cada um de participar ativamente na vida da comunidade, a insatisfação latente nas populações tem destas coisas, a insatisfação latente já não é passível de ser “escondida” com obras relâmpago e equipas de aplicação de betuminoso em “turnos de 24h”, a insatisfação latente é fruto, clara e inequivocamente, de décadas de vícios e, por que não dizê-lo, de alguns “chicos espertos” que continuam, agora no privado a fazer as suas negociatas de forma a atingirem o bem pessoal… Enfim, isso poderá ser tema de outro texto no futuro…

Finalmente, julgo que é razoável dizer-se que os habitantes do concelho de Cantanhede terão este ano uma nova oportunidade clara de fazer sentir a sua voz, quanto mais não seja pela “oferta” disponibilizada ao nível das múltiplas soluções.

Termino saudando e valorizando todos os que se disponibilizam para “ir a jogo” nestes momentos delicados e tão sensíveis para todos.

Ninguém conseguirá mudar o mundo sozinho, mas se cada um de nós fizer a sua parte, tudo será mais fácil…