No âmbito da “nova normalidade” que vivemos nos dias de hoje tenho tido a necessidade de participar em algumas reuniões formais e informais sobre a retoma da atividade desportiva ao nível da formação e escalão de seniores de futebol.
Naturalmente que, por uma questão de ética, não irei divulgar opiniões e posições tomadas por múltiplos intervenientes em diversos fóruns, mas há algo que me sinto impelido a fazer, que é a assunção inequívoca da minha opinião sobre esta temática.
Na minha ótica, a retoma de competições, ou a retoma da atividade física no geral, é uma questão que deverá ser analisada por duas vertentes. A vertente que eu identificaria como da salvaguarda e garantia de todas as condições sanitárias e de saúde para todos os intervenientes no processo desportivo e a vertente da gestão global do clube, onde se insere, naturalmente, a questão central da saúde financeira dos clubes.
Nestas duas vertentes existem, como é claro, múltiplas incógnitas que fazem com que o nível de incerteza e a incapacidade de previsão sejam duras realidades com que os decisores têm que viver. Ontem, numa reunião de clubes com a AFC, alguém dizia que, quando se analisava a retoma da vertente competitiva dos Campeonatos de Seniores da AFC, se estava a analisar fundamentalmente a saúde financeira dos clubes em detrimento da saúde publica dos respetivos intervenientes e da comunidade em geral.
Pois bem, eu não posso estar mais de acordo com esta perspetiva pois, imaginando um cenário utópico em que as entidades gestores das competições distritais assumissem a totalidade dos custos das provas em causa, isso não diminuiria os riscos sanitários que os intervenientes iriam correr, não diminuiria os riscos sanitários que as famílias dos intervenientes iriam correr, genericamente não diminuiria os riscos sanitários que a comunidade em geral iria correr.
Está muito em voga, nos dias que correm, publicar fotos de praças de touros com relvados e duas balizas, pois bem na minha opinião o que está errado não é o futebol não ter público, mas sim o oposto! O que está errado é o facto de as touradas terem a possibilidade de ter espectadores!
Aqui chegamos a mais um ponto pouco consensual, devemos nós agentes desportivos ligados ao futebol, fazer algo de errado (valorizar a saúde financeira em detrimento da saúde publica) apenas porque outras atividades o fazem? O futebol, tendo em conta as suas características intrínsecas e o peso que tem na comunidade deverá ser sempre o exemplo, a pedra de toque, do bem que se tem de fazer, nunca do oportunismo e enviesamento do que efetivamente é o mais importante!
Para mim, neste momento, o mais importante ainda é o minimizar os riscos de transmissão deste vírus que veio virar a nossa vida de pernas para o ar!
Tudo o resto deverá ser identificado como acessório!