Museu (e não só) das datas falhadas!

Mais uma data falhada!

Foi no passado dia 19 de outubro que, na sua intervenção, no âmbito das comemorações do dia da freguesia de Febres, a Srª Presidente da Câmara de Cantanhede anunciou que o objetivo do Executivo seria a inauguração do Museu do Colecionismo em Cantanhede no próximo dia do aniversário do Dr. Cândido Ferreira, benemérito que doou o espólio para este equipamento cultural.

Se não existisse um histórico inacreditável à volta desta obra até poderia parecer que esta era uma boa ideia, até poderia parecer que poderia ser mais uma forma de agradecimento e reconhecimento ao benemérito, até poderia parecer que a Câmara de Cantanhede estava a fazer as coisas como devem ser feitas.

Pois bem, nada mais errado!

Nada mais errado pois devo relembrar que a data de inauguração deste equipamento cultural, cuja construção a exemplo de praticamente tudo (para não dizer tudo) no concelho, foi concretizada com recurso a fundos, alguns deles a fundo perdido, tem vindo a ser adiada ano após ano.

Sim, não me enganei e é mesmo “ano após ano”. Basta pesquisar noticias em jornais e até no site do município para percebermos que os finais de ano dos últimos anos foram sempre as datas previstas para inauguração do equipamento em causa! Nunca aconteceu!

É precisamente neste momento que a situação começa a ganhar contornos de ridículo.

A razão invocada múltiplas vezes, pela Srª Presidente, em Assembleias Municipais de Cantanhede foi a não contemplação de financiamento para a aquisição de mobiliário interior para o equipamento em causa.

Todos compreendemos facilmente que o mobiliário interior para um museu desta índole terá de satisfazer algumas características muito específicas. Apesar disso, 3 ou mais anos não será demasiado tempo para encontrar uma solução?! Isto, não querendo questionar a eficiência de uma candidatura a um financiamento para a construção de um equipamento sem acautelar o respetivo interior e as condições para o natural funcionamento do mesmo. Trabalhando eu desde sempre no sector privado, não tenho dúvidas que, nesse âmbito, tal seria certamente considerado como “grosseira incompetência”.

Para além de tudo isto, são visíveis já hoje, a quem passa pela estrutura em causa, os sinais de desgaste, provavelmente por não utilização, do equipamento em causa. É caso para dizer que quando finalmente se for inaugurar o Museu, convém financiar umas “obrazitas” de requalificação para a sua inauguração!

Recentrando na questão das datas, e relembrando que foi em 19 de outubro de 2023 que a Srª Presidente anunciou que seria, provavelmente, em 07 de abril de 2024 (data do aniversário do benemérito) que seria inaugurado o museu, naturalmente constatamos que mais uma data que não foi cumprida.

Mais uma data falhada!

O ridículo adensa-se e os equipamentos, financiados por todos, continuam a não cumprir coma sua missão.

Tudo isto num concelho que presta contas apresentando poupanças na ordem dos 6 milhões de euros, saldos de gerência na ordem dos 2 milhões de euros e que quer fazer crer à população que isto é bem gerir um município… será caso para, como diz o povo muito sabiamente, “com o chapéu do meu avô, cumprimento toda a gente”.

Termino com mais uma preocupação relativa a investimentos públicos de utilização comunitária.

O Complexo Desportivo de Cantanhede é um excelente exemplo de uma obra que, chegando com mais de uma década e meia de atraso, não deixa de suscitar algumas dúvidas quanto à sua concretização efetiva.

Espero que o Complexo Desportivo de Cantanhede não se transforme numa situação em que se tenha de adiar uma inauguração por não haver iluminação artificial ou por existir um qualquer buraco gigante no lugar de um qualquer relvado sintético, ou até natural!… Neste particular sinto-me à vontade para dizer bem alto que se tal acontecer não foi por falta de aviso!

Alguns dir-me-ão que as coisas custam dinheiro e que o mesmo não chega para tudo. A esses apenas respondo que o dimensionamento adequado dos custos de uma operação, bem como a sua programação temporal (cronograma), é meio caminho andado para o sucesso (ou insucesso) da mesma. O resto é só comunicação!

Hoje identifiquei mais uma data falhada… infelizmente não me parece que venha a ser a última…

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