Eu até sou daqueles que defende um posicionamento dito “moderado”. Defendo que o PS deve fazer um esforço, com naturais limites, para manter uma estabilidade governativa aceitável de forma que a AD possa tentar pôr em prática o seu plano governativo.
Apesar de defender o que descrevi atrás, não consigo perceber como manter este posicionamento após este episódio inacreditável sobre o famoso “Choque fiscal” de Luis Montenegro.
Até poderão alguns socorrer-se do está eventualmente escrito, não poderão, no entanto, escapar aos registos de campanha eleitoral em que a mensagem foi sendo sempre passada e transmitida como um choque fiscal de dimensão considerável!
Honestamente falando, existe alguém que percebeu claramente que o acerto fiscal não seria de 1500 milhões, mas sim “apenas” de 200 milhões?!
Deixo-vos aqui apenas uma simples reflexão:
Partindo do pressuposto, pelos vistos errado, de que os candidatos querem ser sempre o mais esclarecedores possível junto dos eleitores, não teria sido muito mais claro se o atual primeiro-ministro, enquanto candidato, tivesse anunciado um acréscimo de 200 milhões de redução fiscal (IRS) face aos 1300 milhões já previstos em Orçamento de estado para 2024 e que transitaram da ação governativa do Governo anterior?!
Lamento dizê-lo, mas, para mim, para quem adjetiva de “habilidoso” o anterior primeiro-ministro, o exemplo com que nos brinda Montenegro, logo na primeira oportunidade, não augura nada de bom!
Naturalmente que, e eu já estou preparado para isso, a culpa é da dita “má-fé” do Secretário-geral do PS…
Digo que estou preparado pois vivo num concelho, Cantanhede, em que para o PPD, os louros são sempre “fruto do nosso trabalho”, e as críticas são sempre a consequência da incompetência de alguém, normalmente socialista” …
Pelos vistos agora, entre a realidade política local e a realidade política nacional, as diferenças vão ser poucas…
Que malabarismo! Que contorcionismo! Que desfaçatez!