Reféns da agenda

Porque é que é tão importante dar a ideia de que estamos ocupados?

Não sei se já se aperceberam, mas é cada vez mais, nos dias que correm, sinal de importância e utilidade, o facto de estarmos muito ocupados! Termos uma agenda ultrapreenchida e nem sempre termos a possibilidade de atendermos todos os telefonemas que recebemos. Só neste paragrafo já percebemos o porquê de muitas chamadas a que não obtemos resposta.

Afirmar que “não temos tempo”, foi sempre foi algo com que me debati, algo que, sempre que tive oportunidade, tentei inverter, algo com que nunca me identifiquei.

Foi nos meus primeiros tempos de vida profissional, que um ex-gerente de balcão de uma companhia de seguros onde trabalhei me disse em jeito de conselho que, “um vencido nunca tem tempo para nada e um vencedor consegue sempre tempo para o que é necessário!”. Nunca mais esqueci as palavras do bom amigo Manuel Marques, já há data um decano na arte de trabalhar no sector segurador.

Hoje, existe uma grande maioria que, como muitos de nós percebemos facilmente, continuam a ter tempo para muito pouca coisa e uma eterna dificuldade em arranjar disponibilidade para o necessário. Eu chamar-lhes-ia os “reféns da agenda”, mas na realidade não é da agenda de que são reféns. São, isso sim, reféns de um conceito de trabalho que cada vez mais não se coaduna com os princípios básicos do que é uma vida equilibrada.

Pensemos em quantos de nós passaram a tomar decisões com base em indicadores meramente de “sensação”. Pensem em quantas decisões tomamos diariamente com base na perceção que temos dos factos e não na própria substância dos mesmos. Pensemos nas decisões que tomamos apenas para provocarmos uma perceção nos outros que vá ao encontro do nosso desejo, quando o que deveríamos desenvolver era ações que os outros experimentassem e constatassem como adequadas ao nosso objetivo!

Mais uma vez, porque é que é tão importante dar a ideia de que estamos ocupados?

Alguns dos que nos rodeiam certamente terão agendas mais preenchidas do que outros, mas será por isso que terão uma vida mais preenchida?! Será por isso que serão mais influentes que outros?! Será por isso que serão mais importantes que outros?!

Tenho para mim que uma agenda equilibrada é, obrigatoriamente, uma agenda que respire e que permita ao seu gestor também respirar o suficiente, para garantir os níveis de qualidade na concretização das respetivas tarefas.

Há, no entanto, uma regra de ouro que gosto sempre de implementar na minha agenda, o “tempo de ouro”!

O “tempo de ouro” é o tempo identificado na agenda que garante a possibilidade de concretizar o seguinte principio:

É SEMPRE O TEMPO CERTO PARA FAZERMOS O CORRECTO!

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